G3.
Uma letra um número?
Um bloco, uma sala?
Não. G3 é a forma pela qual um grupo especial de pessoas se identifica. Grupo esse aqui presente hoje, nesse momento que representa o divisor de águas nas vidas de todos nós.
Pensei por diversas vezes o que dizer nesse momento. Pensei em trazer à tona lembranças dos momentos vividos, das gafes cometidas. Cogitei tecer um comentário a respeito de cada um dos formandos. Mas, confesso, que fui covarde. Covarde por ter medo de me esquecer de alguém, de privilegiar uma passagem talvez de pouca expressão em detrimento de outra mais especial. Preferi deixar o passado na lembrança de cada um de vocês.
Por isso, resolvi olhar para o futuro e explicitar tudo o que me vem no coração e nos meus mais sinceros desejos nesse momento.
Após cinco anos de intensa convivência, de ferrenha batalha, de extrema doação, de abnegação, de sacrifícios e de muita paciência, estamos aqui, hoje, reunidos em nome da glória, da vitória e da comemoração.
Esse grupo, que pela grandeza inerente a cada um de seus membros, pode se considerar muito mais que uma turma de formandos: somos hoje uma equipe, um time.
Não há coerência, não há comunhão de idéias e concordância. O que nos torna especiais e completos é a diversidade de personalidades e aspirações.
Mas, a partir de agora, temos algo em comum: a Profissão escolhida.
Somos operadores do direito, somos juristas.
Na história da humanidade, diversas são as passagens pelas quais juristas tiveram papel fundamental, as quais nortearam o caminho a ser seguido.
Remetemo-nos à Antiguidade.
Sócrates, ilustre pensador, questionador dos modelos políticos e sociais adotados em sua época. Por suas idéias, arrastava jovens sedentos de luz, de informação e de novos pensamentos. Foi acusado de trazer idéias que corrompiam os jovens de Athenas.
Foi julgado por 501 juízes, que decidiram pela sua morte. Bebeu cicuta. É lembrado, ovacionado, citado. E suas idéias seguidas até os dias de hoje.
Jesus Cristo. Um homem de ideais éticos e de bem. Causou uma revolução social através da paz e do amor. Foi condenado à morte por um jurista: Poncio Pilattos, que só é lembrado até hoje, porque foi inserido em uma das mais populares orações da Igreja Católica. Fato esse que não o torna menos algoz de uma das personalidades mais ilustres da humanidade, aquela que ensinou tão somente o amor, a caridade e a benevolência entre os homens.
Na idade média, os juristas de então eram encontrados nas figuras inquisitórias. Consideravam-se Cristãos e, por isso, acreditavam ter o poder divino para inquirir, processar, julgar e condenar. Tinham a benção de Deus para tanto (!).
Em história mais recente, esses mesmos juristas apoiaram os massacres aos índios, com o descobrimento das Américas.
No Brasil, por exemplo, os juristas eram defensores da política escravagista, vergonhosa mancha na história nacional. Raros eram aqueles que rompiam com o sistema para lutar pela abolição.
501 juízes condenaram Sócrates.
Diversos foram os inquisidores.
Inúmeros pertenciam à cúpula que julgou Jesus Cristo e entregou-o às mãos de Pilatos.
Incontáveis os que apoiaram a escravidão e os massacres aos índios.
Todos eles alegando defender e zelar pela jusitça.
No entanto, do nome de nenhum deles hoje nos lembramos.
Mas de todos eles nos envergonhamos.
Envergonhamo-nos desses juristas que, em nome do que é justo, cometeram assassinatos, disseminaram o ódio e aniquilaram a paz.
Um novo tempo se aproxima.
Um tempo em que a racionalidade, em que os valores de fraternidade, amizade, amor, compaixão, responsabilidade social estão presentes muito além das relações entre pessoas, estão presentes nos pensamentos daqueles que têm a responsabilidade de modificar o sistema, daqueles que sabem como tornar o mundo um lugar melhor para se viver.
Você, formando. Você, agora jurista, tem a responsabilidade de promover a ética, a paz, o aperfeiçoamento das relações sociais. Você tem o dever de cumprir a sua constituição, de zelar pelo direito de todos, sem distinção de raça, credo, cor, classe social.
Ser jurista vai além da atuação profissional.
É necessário agir com solidariedade, a fim de trazer solidez às relações, estruturando os sentimentos, a ajuda mútua entre os indivíduos.
Imprescindível zelar pela responsabilidade social, indo além, despertando consciências para a necessidade da caridade. O homem quer mais do que comida, bebida e onde morar. O homem precisa de amor, precisa de cuidado. E é na caridade para com o próximo que podemos atingir o bem necessário à felicidade.
Precisamos de educação.
A mudança só é possível com empenho, dedicação, motivação e, principalmente, atitudes de cada um de nós.
Somos, agora, juristas, operadores do Direito de uma nova era, uma era de amor e de paz.
Eu tenho certeza que daqui a algumas gerações, essa época será lembrada como aquela de atuação de juristas com elevado valor moral, cujas condutas éticas serão memoráveis e observadas com orgulho por nossos filhos, netos e bisnetos. Nossos tataranetos olharão para o passado e terão a certeza de que o advogado, o juiz, o delegado, o promotor, o cartorário de nossa época fizeram acontecer um mundo melhor, e nos serão gratos por termos realizado a mudança tão almejada há tantas gerações passadas.
A mudança começa em cada um de nós. E como diria Mahatma Gandhi: “Seja você a mudança que quer ver no mundo.”
De tantos momentos de elevação intelectual, de elevação moral e espiritual vividos nesses anos, tenho a certeza que os laços de boa vontade, de comunhão e de respeito jamais se afrouxarão.
O perdão, a benevolência e a amizade devem, nesse momento, sobrepor-se aos sentimentos negativos.
Vamos celebrar os melhores anos de nossas vidas, vamos viver em amplitude os melhores sentimentos do homem. Vamos, juntos e cada um a seu modo, promover as mudanças necessárias para deixar um planeta melhor ao nosso futuro.
Sou grata pela presença de cada um de vocês em minha vida. ABSOLUTAMENTE GRATA.
Como diria Renato Russo: O sistema é mau, mas minha turma é legal. A minha escola não tem personagem, a minha escola tem gente de verdade.
Sejam homens e mulheres felizes, somente assim terão sucesso!
Meu muito obrigada!
Bruna Diamanti da Silva
Como diria Renato Russo: O sistema é mau, mas minha turma é legal. A minha escola não tem personagem, a minha escola tem gente de verdade.
Mais do que nos ensinar o “espírito das leis”, “a hermenêutica”, a necessidade de vivenciar e lutar pelo “estado democrático de direito”, a ética e liberdade do profissional do direito, vocês nos proporcionaram que nos tornemos agentes transformadores da sociedade, contribuindo para construir um país melhor e mais justo.
Quero aqui demonstrar meu carinho e retribuir por tudo que fizeram, pelos momentos compartilhados, agradeço de todo coração por serem meus amigos, impossíveis de esquecer. Obrigado!
É como eu disse: não é fácil encontrar palavras para expressar o que sentimos, então encontrei uma maneira fácil de finalizar: MUITO OBRIGADA, VALEU, nós amamos vocês.
